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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A ANDROGINIA NO CINEMA DE HAYAO MIYAZAKI: DIFERENTES FORMAS DE SUBJETIVAÇÃO

Autores:
Verônica Braga Birello (UEM - Universidade Estadual de Maringá)

Resumo:

 

O filósofo Michel Foucault, ao discutir o poder, instaura o dizer sobre a disciplina e para tanto propõe pensá-la como um modo de docilização dos corpos e normatização do dizer sobre estes mesmos corpos. Por um lado, a disciplina faz com que a força econômica e útil do corpo seja aumentada; por outro, ela também faz com que em termos políticos de obediência diminua suas forças. Dito isto, passamos a pensar em como a não marcação do gênero nos corpos desenhados pelo diretor Hayao Miyazaki poderia funcionar dentro desse espaço que é o cinema de animação infantil. Assim, selecionamos enquanto material de análise o filme Nausicaä do Vale do Vento. Em nosso estudo percebemos a instauração de um dispositivo de resistência por meio das personagens em questão. Isso porque, conforme Foucault (2002), haveria uma vigilância hierárquica que imprimiria ao corpo um comportamento de acordo com a norma de funcionamento de uma instituição normalizadora. Dessa forma, o corpo da princesa deve ser belo, saudável, deve portar roupas nobres, bem como graça e leveza. Esse saber deve aumentar a funcionalidade daquilo que ele normaliza, ou seja, reforçar o funcionamento das estratégias e táticas do poder por meio do aumento do saber sobre eles. Contudo, percebemos por meio desse trabalho que há liberdade também em vigência, isso porque Miyazaki instaura, por meio das personagens, uma resistência. As princesas não são mais dóceis e nem mais úteis como esperam as regulações. Assim, o corpo andrógeno resiste a docilização e desloca um saber e prática que deve estender para a massa. O exercício do poder é deslocado para outra forma de saber e deixa de viabilizar práticas autoritárias de segregação de gênero: nem princesa, nem rainha se submetem ao príncipe ou ao rei, bem como o vilão deixa de ser representado por um homem.