A primeira antologia de Machado de Assis, Contos Fluminenses, saída em 1870, foi lançada despretensiosamente: com poucas narrativas, sem prefácio e vendida por um contrato desfavorável para o autor. Apesar dessa desambição, essa obra teve uma excelente recepção nos jornais da época, tanto na primeira quanto na segunda edição, publicada muitos anos depois, o que demonstra o quanto, ao longo de décadas, o gênero conto foi ganhando autonomia na pena do autor, como se percebe na leitura dessas narrativas e, ainda, na história das coletâneas. A última dessas antologias, Relíquias da Casa Velha, saída em 1906, por exemplo, foi vendida por um conto e quinhentos, valor alto para a época; continha várias páginas com contos, páginas críticas e comemorativas e peças teatrais; iniciava com um prefácio caprichado, preocupado com a recepção do leitor; e continha o emblema da Academia Brasileira de Letras, o que afiançava a eternidade do volume. Diante disso, o objetivo maior deste estudo é analisar as fontes primárias: cartas, contratos, jornais e primeiras edições das sete antologias, a fim de demonstrar o quanto as coletâneas das narrativas curtas foram, paulatinamente, tornando-se um gênero prestigiado por todos os sujeitos envolvidos no processo de circulação literária: o autor, o editor e o público leitor.