Este trabalho é parte de uma pesquisa que visa levantar, descrever e analisar a construção marcadora discursiva perceptivo-visual, virtualmente representada como [V_pv(x)]_md, em perspectiva diacrônica, com o objetivo de mapear na história da língua portuguesa seu processo de convencionalização em categoria gramatical. Selecionamos os pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Funcional Centrada no Uso, como formulados por Martelotta (2011), Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013) e Oliveira e Rosário (2015), e da Gramática de Construção, nos moldes de Goldberg (1995; 2006), Croft (2001), Bybee (2010; 2015) e Traugott e Trousdale (2013). Estamos levantando e organizando um banco de dados captados do século XVI ao século XXI. Temos constatado que o esquema [V_pv(x)]_md instancia constructos com função gramatical de marcador discursivo, como olha, olha lá, olha aí, vê lá, veja só, entre outros. Como etapas para descrição dos contextos de mudanças, nossa proposta aqui é demonstrar como a primeira subparte, representada por V, deixa de ser um verbo pleno para se tornar uma estrutura metaforizada e mais integrada num novo esquema. E ainda mais, pretendemos demonstrar como a segunda subparte, quando ocorre, formada por afixoide (lá, aqui, aí, só ou bem), nos types individuais, representada por (x), contribui para sentidos mais intersubjetivos criados a partir de noções espaciais concretas estabelecidas entre falantes. Desses ajustes sofridos por pressões diversas, concluímos que, além da metaforização das formas, ocorre metonimização, uma vez que os diferentes constructos analisados ganham, em contextos específicos, novos usos, isto é, novas funções discursivo-pragmáticas e textual-interativas próprias da paradigmatização, nos termos de Diewald e Smirnova (2012).