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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
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“Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, de Mia Couto: retratos culturais metonímicos sobre o tempo e sobre o pensamento pós-colonial e pós-guerra civil moçambicano

Autores:
Vânia Alves da Silva (UNB - Universidade de Brasília)

Resumo:

O presente artigo visa refletir sobre a necessidade exposta pelo escritor moçambicano Mia Couto, na obra “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, em retratar os dilemas da identidade da nação, diante dos valores ancestrais, sob o viés do período pós-colonial e pós-guerra civil, aos olhos das transposições de gerações - evidenciadas pelo neto e o avô, então falecido. Para isso, utilizaremos o conceito de tempo, estruturado por Ricoeur a fim de delimitar análise da narrativa, visto que tal conceito denota o anseio pelo entendimento de em qual lugar a cultura, no caso analisado na obra: moçambicana, tão regente pela tradição popular, se encontra após conflitos violentos, não somente na condição de embate físico, mas, sobretudo, na (re)constituição subjetiva da população e dos valores presentes no construto da memória. Para isso, Mia Couto intensifica a voz de duas personagens, Mariano (neto) e Avô Mariano. Cada um representa uma das vertentes da dicotomia tradição e (pós?)-modernidade, sendo o avô o detentor dos valores constituídos pela formação cultural oral moçambicana e o neto como representante do dilema entre as raízes estruturadas no clã familiar e as necessidades impostas pelo mundo globalizado. Ademais, há, ainda, o processo de reflexão do personagem Mariano (neto) com as vertentes memoriais e, ao mesmo tempo, configuradas pela vivência fora do contexto tradicional da cultura familiar, o que caracteriza Mariano como uma representação do moçambicano na coletividade pós-guerra civil.