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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O DISCURSO RELATADO NO PRIMEIRO DEPOIMENTO DO EX-PRESIDENTE LULA AO JUIZ SÉRGIO MORO: UMA ANÁLISE À LUZ DA SEMÂNTICA ARGUMENTATIVA

Autores:
Maria Eliane Gomes Morais (UFPB - Universidade Federal da Paraíba)

Resumo:

Os estudos que se voltam para o fenômeno da argumentação na língua evidenciam a necessidade de conhecer e saber utilizar determinados recursos linguísticos em favor da construção de argumentos no processo de enunciação. Para isso, muitas vezes, recorremos ao discurso alheio com o objetivo de mostrar ao interlocutor quem é o responsável por determinado discurso ou ainda com o propósito de reforçar o argumento apresentado no enunciado produzido. Assim, para destacar a voz do outro, dispomos de alguns marcadores linguísticos, como as aspas, os dois pontos, travessão, verbo dicendi, entre outros recursos. Diante disso, buscamos, à luz da Semântica Argumentativa (SA) identificar e analisar o uso desses marcadores no primeiro depoimento do Ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, considerando a polifonia de locutores, descrita por Ducrot (1988), na Teoria da Argumentação na Língua (TAL). Para tanto, identificaremos as ocorrências e o tipo de discurso relatado, na fala do depoente Lula e os marcadores utilizados para assinalar esses discursos; em seguida, analisaremos o uso desses recursos, a fim de revelar o posicionamento do locutor responsável pelo enunciado como um todo (L1) em relação ao discurso de um segundo locutor (L2) introduzido no discurso. Como subsídio teórico, nos orientamos a partir dos estudos de Ducrot (1987; 1988) e Nascimento (2009; 2012). Como metodologia, adotamos a análise do tipo descritiva-interpretativista dos dados obtidos. Este estudo, em andamento, tem revelado que o depoente, Lula, ao fazer uso do discurso relatado, não traz apenas a voz do outro com o intuito de mostrar quem é o responsável por determinado discurso, mas se apropria de alguns recursos para reforçar o argumento de defesa que apresenta em seu favor, muitas vezes se distanciando do posicionamento adotado pelo outro locutor, a fim de que, como réu, se isente das acusações postas no processo.