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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
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As mulheres de Montello em “Os degraus do paraíso”: discurso e identidade

Autores:
Mylena Frazão da Cruz (UFMA - Universidade Federal do Maranhão)

Resumo:

A segunda metade do século XIX possibilitou para a cidade de São Luís (MA) vivenciar ares de modernidade e civilidade que vinham do outro lado do Atlântico. Homens e mulheres movimentavam as ruas e a sociedade, recebendo destaque da mídia da época e tornando-se personagens da ficção nos anos seguintes. Este trabalho, fruto de uma pesquisa intitulada A beleza feminina nas malhas discursivas do corpo “civilizado” (PIBIC-CNPq), toma como objeto de discurso a mulher e as práticas discursivas e sentidos identitários produzidas sobre ela. Aqui tomamos como corpus de análise a obra Os degraus do paraíso (publicada originalmente em 1965), de Josué Montello (1917-2006) – porque acreditamos que há um diálogo possível entre história e literatura. A obra destaca algumas mudanças que a chegada do novo século (XX) promovia na capital. Em nosso trabalho iremos direcionar nossas análises sobre a mulher apresentada na obra, considerando seu comportamento e modos de vestir. Ancoramos nossa pesquisa na Análise do Discurso (AD) de vertente francesa, de matiz foucaultiana, e suas considerações sobre discurso, prática discursiva e dispositivo. Considerando que a identidade é vista pela AD como uma produção discursiva, iremos analisá-la nessa perspectiva, estabelecendo diálogos com Stuart Hall, que situa seus trabalhos na perspectiva dos Estudos Culturais. Para tecer discussão sobre a mulher ludovicense naquele período, nos alicerçamos em Silva (2008, 2011, 2013), Sales (2010), Bernardes (1988), Freyre (1987), Abrantes (2010), entre outros. Nossa análise permitiu constatar que a civilidade e a moda funcionam como dispositivos de subjetivação dos sujeitos, determinando comportamentos e identidades por meio de um discurso que sugere como a mulher deve ser comportar perante a sociedade e como ela deve vestir-se, estabelecendo normas de civilidade.


Agência de fomento:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico