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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O preconceito linguístico proveniente das instituições "Globo": uma visão positivista e superada de abordagem linguística.

Autores:
Guilherme Lima Cardozo (UNESA - UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ)

Resumo:

O preconceito linguístico sempre foi um fato dentro da sociedade brasileira, sobretudo nos meios de comunicação mais positivistas. O objeto deste trabalho é a análise das vozes que emergem do discurso de uma das instituições mais conservadoras no âmbito da mídia brasileira, as organizações Globo, no que concerne ao tratamento do preconceito linguístico, veiculado em seus diversos programas de entretenimento e telejornalísticos. Veremos os conceitos de enquadre (GOFFMAN, 1974) e alinhamento (GOFFMAN, 1981) dentro das grades de programação, as quais combatem incisivamente adoção de programas que quebrem o paradigma normativo da abordagem linguística, a exemplo da perseguição ao livro didático adotado pelo MEC em 2011, Por uma vida melhor, onde noções como adequado e inadequado substituem os chavões certo e errado dentro do ensino de língua portuguesa nas escolas. Localizar a posição desta instituição na questão supracitada através de seu discurso midiático é uma das metas que circunscreve nossa pesquisa do início ao fim, fazendo emergir, outra feita, a polêmica sobre como abordar língua portuguesa na sociedade. Por fim, analisaremos como as identidades dos atores envolvidos no processo de mídia televisiva das organizações Globo corroboram com a anulação da identidade personalíssima, em detrimento de uma identidade corporativa, onde a ideologia global faz sucumbir qualquer "contaminação" subjetiva. Valer-nos-emos, como referencial teórico, para a abordagem do preconceito linguístico, do legado de William Labov (1968), no que concerne ao tratamento das variações linguísticas; com relação aos componentes da argumentação jornalística, lança-se mão das contribuições de Schiffrin (1987) e Goffman (1974, 1981). Os resultados da pesquisa vão expor o posicionamento institucional em prol de uma língua ideal (ligada aos princípios da sintaxe normativa), em detrimento da língua real (em consonância com a sintaxe funcionalista), refutando quaisquer projetos – sociais, políticos e educacionais – que visem à aproximação da abordagem linguística com a realidade social.