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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Cartas de Datas de Jundiaí: o imbróglio com a palavra ‘treslado’

Autores:
Kathlin Carla de Morais (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:

Essa comunicação objetiva demonstrar como a Paleografia e a Codicologia ajudaram a confirmar o ano de produção do códice Cartas de Datas de Jundiaí de 1657. Composto de 61 cartas, ele versa sobre o processo de doação de terras na vila naquele ano.

 

“Tresllado de huã Cartadedattade chaços pera |Cazas Equinttal de João Paulo/.”

 

Como no exemplo acima, todas as Cartas de Datas contam com um Preâmbulo (Spina 1994), no qual é anunciada a modalidade textual em que o documento se enquadra, isto é, Carta de Data, quem é o beneficiado pela doação de terra feita pelos oficiais da Câmara e todas elas começam com ‘Treslado’.

Tendo em vista que ‘Treslado’ suscita a ideia de cópia, questionou-se se o códice não seria posterior a 1657. Assim, foi preciso recorrer a elementos codicológicos e paleográficos para confirmar a data do manuscrito.

Para tanto, temos o tipo de papel usado na produção do documento, isto é, o papel de trapo, o tipo de tinta, a ferrogálica, e o tipo de encadernação, de pele de bezerro; todos esses elementos são típicos do século XVII.

Sobre as características paleográficas, temos o tipo de letra, que é a Humanística, e muito parecida com a letra utilizada nas Atas da Câmara de Jundiaí de 1663 a 1669 (MORAIS 2014). Temos também o fólio 8v do códice em que se lê: “Antonio Alueres Bezerra [...] pouoador Easinando senp[r]| re emtodos os termos que sefazem nesta uilla” e a rubrica da pessoa em questão em todos os fólios recto do códice.

Diante dos elementos codicológicos e paloegráficos examinados, é possível comprovar que o manuscrito Cartas de Datas de Jundiaí é um autógrafo do escrivão Mathias Machado Castanho, autor das 61 cartas que compõem o códice, além de ter sido de fato lavrado em 1657.

 


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