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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Crianças falantes de PLH e o nível de complexidade de suas estratégias discursivo-pragmáticas

Autores:
Priscilla de Almeida Nogueira (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:

Esta comunicação refere-se aos resultados de uma pesquisa de doutorado que se dedicou à investigação da aquisição de construções linguísticas complexas, fruto da codificação sintática da intenção de imprecisão, por 36 crianças bilíngues português-alemão, na faixa etária entre 8 e 14 anos, divididas uniformemente entre os seguintes contextos: português como língua de herança (PLH), segunda língua (PSL) e língua materna (PLM). O objetivo principal foi a investigação, em um quadro comparativo, da identificação e compreensão das funções complexas desempenhadas por essas construções, bem como o nível de complexidade do emprego das mesmas pelos participantes. Aplicamos um teste a partir de trechos retirados do livro “Alice no País das Maravilhas”, em que excertos que contêm quase, meio, a maioria, um bocadinho e algum foram apresentados e perguntas foram formuladas sobre os possíveis efeitos de sentido. Os resultados revelaram que a performance de falantes de PLH na identificação e compreensão de funções mais complexas superou a de falantes de PLM e de PSL. Aplicamos, então, um teste de uso e realizamos entrevistas a fim de investigar os contextos sociais e culturais de aquisição do português. As crianças fizeram relatos a partir de vídeos a elas exibidos. Após gravação e transcrição, verificamos que meio/meio que; tipo/tipo assim e um pouco/um pouquinho revelaram-se as construções mais produtivas. A fim de analisar a complexidade dessas estratégias de codificação sintática da imprecisão, elencamos os padrões funcionais de cada construção, aplicamos os princípios de iconicidade postulados por Givón (2009) e investigamos a respeito dos mecanismos de intersubjetificação (TRAUGOTT, 2010). A análise revelou que, ao empregar essas construções, mais do que codificar uma informação, o usuário lança mão de uma estratégia para falar sobre si e sobre a forma de acesso à informação, ainda que indiretamente, e que estratégias complexas foram aplicadas por falantes de PLH.


Agência de fomento:
FAPESP/CAPES