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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Projeções metafóricas e metonímicas na antroponímia brasileira: do léxico comum ao próprio e do próprio ao comum

Autores:
Juliana Soledade Barbosa Coelho (UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, UFBA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Natival Almeida Simões Neto (UEFS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA)

Resumo:

Autores como Mill (1973), Ullman (1987) e Dauzat (1934) abordaram a questão do nome próprio em termos da relação conotação-denotação referencialidade-identificação/distinção e semanticidade-opacidade. Com o aporte teórico da Linguística Cognitiva, passamos a entender que nenhuma construção linguística é desprovida de significação (e/ou função) e que, portanto, nomes próprios poderiam ser analisados, sob essa perspectiva, como passíveis de comportar o pareamento entre forma e significado (SIMÕES NETO E SOLEDADE, 2018; LOPES E FERREIRA, 2018; TEIXEIRA, 2007; HENRIQUES, 2012). Esse estudo busca confrontar pressupostos da semântica tradicional acerca dos nomes próprios, abordando o fluxo de projeções metafóricas  e metonímicas envolvidos no uso de nomes comuns no léxico onomástico individual (por exemplo, Linda, Brisa, Sol, Rosa etc.) e no uso de nomes próprios no âmbito do léxico comum (por exemplo, baderna, carrasco, gandula, gari, judas, etc.). Desse modo, pretendemos demonstrar que o sentido dos nomes subjaz na motivação e na cena pragamático-discurssiva em que se dá a criação e que, nesses casos, é impossível descolar absolutamente os sentidos uns dos sentidos dos outros. Além disso, através de evidências neurológicas, pretende-se demonstrar que a relação entre nomes - próprios e comum - com os seus sentidos parece estabelecer o mesmo fluxo, no sentido de interligar o conhecimento de mundo, de um lado, ao léxico armazenado na memória, de outro. Desse modo, os resultados obtidos nessa pesquisa, vêm demonstrar que os limites entre o léxico comum e o léxico onomástico não são tão precisos quanto se pensava anteriormente, isso se deve, em grande medida, ao fato de que, no âmbito da Linguística Cognitiva, o significado não é o significado construído no sistema linguístico, é um significado baseado na experiência, nas formas de se entender e organizar o mundo em que se está envolvido, a partir de uma perspectiva mediada pela história e pela cultura.