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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


ANÚNCIOS DE ESCRAVOS COMO FONTE DE CONHECIMENTO DA VIDA COTIDIANA BRASILEIRA- séc. XIX

Autores:
Ana Karine Pereira de Holanda Bastos (UFPE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)

Resumo:

Esta comunicação apresenta uma seleção de anúncios de escravos do séc. XIX que mostram fatos da vida cotidiana brasileira, e apontam a sócio-história do português brasileiro através de documentação escrita, revelando a língua no seu nível morfofônico, sintático e discursivo. A leitura e a análise de textos antigos possibilitam avaliar a variação linguística da fala a partir da escrita. Assim, o anúncio de escravo se constitui como um texto/gênero promissor para se investigar tanto os dados linguísticos quanto os dados da vida cotidiana brasileira, em que as ideologias políticas, socioeconômicas e culturais são moldadas pela relação de poder. Analisá-lo na perspectiva filológica implica considerá-lo um artefato sócio-historicamente construído, que visa à recuperação do patrimônio cultural escrito e a tradição textual/discursiva bem como suas formas de transmissão às gerações futuras. Os pressupostos teóricos de base estão apoiados nas Tradições Discursivas (TDs), a partir das considerações de Coseriu (1979, 1980), Schlieben-Langue (1983), Koch (1997, 2008), Oesterreicher (1994, 1996), Kabatek (2004, 2008), Marcuschi (2002; 2008), Sodré (1999), Pessoa (2002; 2006) Freyre (1967/2010), Schwarcz (1987); Carvalho (2010); Toral (2013) e Bastos (2016). A metodologia consiste no método histórico e na abordagem quanti-qualitativa, pautada na análise estrutural, descritiva, interpretativa dos dados, e na pesquisa documental e bibliográfica. Ao estudar a língua, a partir do que era anunciado no jornal, é possível reconstruir os elos entre as várias camadas sociais e, consequentemente, chega-se às mentalidades da época. A abordagem em sala de aula dos textos históricos torna-se importante para que se compreendam as práticas sociais que se refletem no léxico (como a manutenção de termos) e na sintaxe (a organização sintática); dessa forma, podemos estabelecer uma comparação/relação do passado com o presente.